Muitas vezes dizem que gosto de ser do contra, dessa vez não sou só eu que estou retrucando algo. O buzz em volta do Second Life parece ter passado e agora vem uma outra onda, agora de dúvidas, querendo saber se o metaverso do SL vai "dar certo". Por exemplo, em artigo para o G1, Sílvio Meira, professor titular da Universidade Federal de Pernambuco, pergunta "Há vida no Second Life?".
Devo dizer que neste artigo irei expor minhas opiniões sobre este assunto, por isso posso vir a falar alguma inverdade ou me enganar. Irei mostrar 3 pontos que me levam a crer que o SL não vai muito além do que já foi OU que o modelo de negócios do serviço deverá sofrer grandes mudanças para se tornar algo realmente viável e rentável para empresas que queiram investir na chamada "Internet 3D", termo que, ao meu ver, não faz muito sentido. Por que isso? Por que aquilo? Vamos ver:
1 - Second Life é um Jogo Online
Nem todo mundo gosta de jogar no computador, não tem costume de fazê-lo, ou simplesmente não tem tempo. O SL possui características comuns aos jogos. Você pode customizar seu avatar (personagem virtual), pode comprar coisas, voar, andar em um universo 3D com total liberdade de locomoção (a liberdade de GTA talvez seja ainda maior). Tudo isso é muito legal, mas não para todos. Apesar de eu ter crescido jogando videogames, não tenho tempo e nem vontade/paciência de sair a esmo num mundo virtual procurando coisas/pessoas interessantes. Talvez uma hora ou outra eu possa fazê-lo mas não o suficiente para isso se tornar algo rotineiro na minha vida. Tenho certeza que muitas pessoas compartilham desse pensamento.
Meu ponto é que o fato de o Second Life ser inerentemente um Jogo afugenta muitas pessoas. Eu não quero escolher uma roupa virtual, voar entre continentes virtuais, para comprar algo, da vida real, numa loja de um mundo virtual se eu posso fazer o mesmo num site. Vocês conseguem perceber que não é toda pessoa que submeteria a essa situação? E sim, apenas as pessoas que gostam desse tipo de experiência?
2 - Second Life é uma sala de chat gigantesca
Não sei se mais alguém lembra, mas o SL não é o primeiro programa de chat em 3D com avatares customizáveis e possibilidade de compra de terrenos e construções. Eu lembro do Active Worlds, um programa que podia "dar certo" como o Second Life mas necessitava de assinatura mensal e mesmo possuindo gráficos bons para a época estes não eram satisfatórios para um realidade 3D realmente imersiva. Ah! Vale citar o Habbo Hotel também.
O que estes 2 programas e o Second Life compartilham é a possibilidade de os seus usuários conversarem livremente dentro de cada "mundo virtual". Você pode se conectar, escolher um lugar, abordar uma pessoa e começar a conversar (alguem disse mIRC?). Conversando com pessoas que utilizam o SL é fácil perceber que um dos grandes interesses delas no metaverso é conhecer outras pessoas, se relacionar, ou seja, participar de uma sala de chat gigantesca e mundial. Mesmo que este não seja o principal interesse da maioria dos usuários ainda é a premissa inicial do programa.
E qual é o problema disso tudo? Ué, nem todo mundo tem tempo ou interesse em conhecer e conversar com pessoas aleatórias. As pessoas que tem esse interesse ou ainda não conheceram o Second Life (difícil hein?) ou já conheceram e são usuários. Este me parece ser um dos fatores que impossibilta o SL de continuar crescendo tão rapidamente quanto nos últimos tempos. A falta de novos usuários e a desistência dos atuais nos leva a terceira razão
3 - Não há multidões no Second Life
Um dos argumentos de empresas e agências de publicidade para investir no SL é que nele há uma maior interatividade com os clientes, estes podendo interagir com o produto ou com a peça publicitária. Mas do que adianta interatividade se o número de pessoas que se utiliza dela não é tão significante? Afirma-se que em média 40 mil pessoas estão online ao mesmo tempo, estes espalhados por inúmeros continentes virtuais. Algumas lojas ou representações virtuais de empresas podem passar tempos sem visitas. As instituições que querem entrar neste mundo ainda contam com custos elevados, cerca de 1500 dólares apenas para criar uma empresa numa ilha e mais 300 dólares mensais para manutenção, além do custo para criar as construções. Com todos estes fatores é de se imaginar por que muitas empresas estão fechando as portas no Second Life.
Não posso negar que este mundo virtual deve continuar existindo por muito tempo, independente dos fatores aqui citados. Entretanto, para mim, estas razões são fundamentais para entender por que o Second Life não é tudo que a mídia falou (ou tem falado) nem a "nova Internet" que muitos dizem ser.
Bem, não há como prever o futuro. Apenas expor as idéias e debater.
Fontes e outras notícias a respeito:
- A Bolha do Second Life
- Há vida em Second Life?
- Second Life Review
- Debandada empresarial no Second Life
- Crise financeira no Second Life
- Clima de fim de festa no Second Life?
- Empresas comienzan a abandonar Second Life
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